Governo anuncia corte de impostos para reduzir, em até 10,5%, preço de carros de até R$ 120 mil
O governo federal anunciou nesta quinta-feira (25), no Dia da Indústria, medidas para tentar baratear o chamado carro “popular” e aquecer o setor industrial do país, afetado pelas crises econômicas recentes.
As ações foram anunciadas após reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente Geraldo Alckmin, além da equipe econômica, com representantes de entidades do setor automotivo no Palácio do Planalto.
A principal medida ligada à indústria automotiva é um desconto de IPI, PIS e Cofins para veículos de até R$ 120 mil. Para veículos de valor superior, não há mudanças anunciadas.
Os valores não foram divulgados mas, segundo Alckmin, “quanto menor o carro, mais acessível, maior será o desconto”.
“A proposta de estímulo é transitória, anticíclica, para esse momento de muita ociosidade na indústria. […] Hoje, o carro mais barato é quase R$ 70 mil”, declarou o vice-presidente, que é também ministro de Desenvolvimento, Comércio, Indústria e Serviços.
Além do custo final do carro, o desconto também será maior para carros com menor emissão de poluentes e que tenham um número maior de componentes produzidos no Brasil.
O Ministério da Fazenda terá um prazo de 15 dias para adequar a decisão às regras fiscais – ou seja, calcular a perda de arrecadação e dizer qual será a compensação no orçamento.
Passado esse prazo, segundo Alckmin, o governo editará uma medida provisória e um decreto para regulamentar o tema.
Estímulo à indústria
Já o pacote de estímulo à indústria geral inclui:
- a adoção da taxa referencial (TR) como taxa de juros para projetos de pesquisa e inovação – o que deve baratear os esforços da indústria nessas áreas;
- R$ 4 bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Sustentável (BNDES) para financiamentos em dólar voltados a empresas que trabalham com exportação – o financiamento em dólar, segundo Alckmin, serve como uma proteção cambial.
O pacote de medidas para tentar baratear o carro “popular” foi coordenado por Geraldo Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e Serviços.
Atualmente no Brasil, o preço de partida do carro zero, sem contar com as medidas anunciadas nesta quinta-feira, é de cerca de R$ 68 mil, mais de 50 salários mínimos (que está em R$ 1.320,00).
A intenção de baratear os veículos foi manifestada publicamente pelo presidente Lula durante discurso no dia 4 de maio. Na ocasião, ele disse que carro de “R$ 90 mil não é popular”.
- Nos últimos dias, representantes de ministérios e do setor discutiram possíveis alternativas para reduzir os preços.
- Os executivos frisaram para o governo que as montadoras já têm muita pouca margem de lucro nos carros populares e que, por isso, seria difícil reduzir os preços nas fábricas. A margem, segundo as empresas, são maiores no carros mais caros.
- Atualmente, a taxa básica de juros da economia, fixada pelo Banco Central para tentar conter a inflação, está em 13,75% ao ano, o maior patamar em seis anos e meio.
Os juros cobrados no financiamento de carros, porém, são mais altos. De acordo com o BC, a taxa média dos bancos nessa linha de crédito foi de 28,6% ao ano em março.
Representante da indústria automobilística
Nesta quarta-feira (24), o presidente da Stellantis, Antonio Filosa, se encontrou com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e afirmou, após a reunião, que o setor automobilístico está claramente sofrendo com os juros altos. Governo anuncia corte de Governo anuncia corte de
A empresa controla a Fiat, a Jeep e a Citroen, entre outras, com participação de 33% no mercado doméstico.
“O juro é difícil de resolver de um dia para o outro. Mas é possível pensar em mecanismos de acesso ao crédito que possam facilitar. Por exemplo, melhorando o nível de garantias reais, por exemplo usando alguns ativos que o governo tem, e assim por diante”, declarou o executivo da Stellantis, na quarta-feira. Governo anuncia corte de Governo anuncia corte de Governo anuncia corte de
Questionado por jornalistas, ele avaliou também que “algum tipo de isenção fiscal sempre é bem-vindo”. “Uma isenção fiscal baratearia o carro. Claramente, existe um sacrifício que as montadoras devem fazer para gerar mais eficiências”, afirmou.
Filosa disse ainda que o preço do aço subiu muito nos últimos anos, impactando o custo das montadoras. ( com informações G1 )
AliançA FM