Economia: IPCA desacelera para 0,61% em abril, diz IBGE
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, ficou em 0,61% em abril deste ano, de acordo com dados divulgados nesta sexta-feira (12/5) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado confirma a desaceleração da inflação nos últimos meses. Em março, o IPCA ficou em 0,71%. Em fevereiro, em 0,84%.
No acumulado de 12 meses até abril, a inflação oficial do país foi de 4,18%. Trata-se do menor nível da inflação anual desde outubro de 2020.
O resultado veio um pouco acima das estimativas do mercado. O consenso Refinitiv projetava inflação de 0,54% em abril e de 4,1% no acumulado de 12 meses.
Segundo o Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta de inflação para este ano é 3,25%. Como há um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, a meta será cumprida se ficar entre 1,75% e 4,75%.
Em 2022, o Brasil teve inflação acumulada de 5,79%. A taxa apurada ficou acima da meta estipulada pelo governo federal pelo segundo ano consecutivo.
Saúde puxou alta em abril
Todos os nove grupos de preços pesquisados pelo IBGE registraram variação positiva entre março e abril. A maior alta foi do segmento de saúde e cuidados pessoais, com variação de 1,49% e impacto de 0,19 ponto percentual no índice geral.
Veja a variação de todos os grupos pesquisados
- Saúde e cuidados pessoais; 1,49%
- Vestuário; 0,79%
- Alimentação e Bebidas; 0,71%
- Transporte; 0,56%
- Habitação; 0,48%
- Despesas Pessoais; 0,18%
- Artigos de Residência; 0,17%
- Educação; 0,09%
- Comunicação; 0,08%
Expectativas
Em sessão no Senado, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, afirmou que o país teria uma “surpresa” quanto aos dados do mês passado. Segundo ela, viriam um pouco abaixo da expectativa — o que não se concretizou no resultado do IBGE.
O BC segue atento às divulgações do indicador: a desinflação, em especial no horizonte de longo prazo, pode ditar as expectativas quanto à taxa Selic, que está em 13,75% ao ano desde agosto do ano passado.
A taxa de juros tem sido um dos principais pontos de tensão entre a autoridade monetária e o governo federal. Enquanto a ala econômica espera cortes na Selic, o BC trabalha com o chamado “sistema de metas”, que ancora as expectativas do mercado quanto ao comportamento da taxa inflacionária.
O resultado do acumulado de 12 meses — em 4,18% — mostra que a inflação vem convergindo para a meta do ano na casa dos 3,25%, com intervalo de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Para Alexandre Maluf, economista da XP Investimentos, o IPCA de 12 meses poderá atingir seu ponto mínimo em junho, ficando abaixo da marca de 4% – segundo a projeção da XP, pode ser de 3,9%. Economia: IPCA desacelera Economia: IPCA desacelera Economia: IPCA desacelera
Mas, segundo ele, isso não significa que o índice fechará o ano dentro da meta. “Vemos uma aceleração durante o segundo semestre da inflação, por conta do efeito base das medidas que foram anunciadas no ano passado durante o governo Bolsonaro para a redução de bens administrados, como gasolina e energia elétrica. Teve tanto o PLP 18 que reduziu o ICMS sobre esses bens, quanto desonerações federais sob Pis e Cofins”, explica.
O economista acrescenta que isso leva a variação do IPCA de 12 meses para baixo, até junho, com provável reaceleração forte no segundo semestre, encerrando o ano em 6,2% no IPCA – 2,68 pontos percentuais acima da meta. “É consensual no mercado que haverá essa alta no segundo semestre e que a inflação deve fechar o ano acima da meta”, diz Maluf.
AliançA FM