Haddad critica juro alto e Campos Neto defende política do BC
Ao lado do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em debate no Senado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira que o país terá problemas fiscais se a economia continuar desacelerando como resultado da condução da política monetária, e pediu “harmonização” entre ações do governo e do BC.
Na mesma sessão, Campos Neto voltou a pregar persistência no combate à alta de preços, defendeu o sistema de metas de inflação e justificou o atual nível dos juros, argumentando que as taxas altas são efeito do nível alto da dívida pública, e não sua causa.
Roberto Campos Neto, defendeu a política de juros da autarquia, um dos pontos que vêm sendo criticados pelo governo federal. O chefe do BC participou de um debate com os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento, Simone Tebet, em sessão temática no Senado Federal a convite do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
“O tripé como foi idealizado lá atrás, é fundamental harmonia para que o tripé funcione. A gente tem uma harmonia fiscal formada por política monetária, política fiscal e câmbio flutuante. É assim que funcionou e tem funcionado, e as tentativas de reinventar essa roda não funcionaram. A gente precisa entender que essa é a forma de trabalhar. Às vezes, em vez de questionar a forma, a gente tem que pensar como aprimorar o que existe”, disse.
As autoridades participaram de sessão temática no plenário do Senado para discutir juros, inflação e cenário econômico, em meio a fortes críticas de membros e aliados do governo ao patamar da taxa Selic, atualmente em 13,75%.
“Se a economia continuar desacelerando por razões ligadas à política monetária, nós vamos ter problemas fiscais porque a arrecadação vai ser impactada”, disse Haddad.
“Eu não tenho como dissociar monetário do fiscal. Se eu desacelero a economia, saindo de 4% para 3%, para 2%, para 1%, eu vou ter impactos fiscais”, acrescentou o ministro, ao argumentar que o governo tem adotado medidas duras para reorganizar as contas públicas.
Haddad disse não ver separação entre políticas fiscal, monetária e prudencial, afirmando também que os conflitos distributivos do Brasil são “severos” e só serão equacionados com crescimento econômico. Haddad critica juro alto Haddad critica juro alto
Ele defendeu um ajuste fiscal para evitar que o pais fique mais sete anos sem dar aumento real ao salário mínimo e revisar a tabela do Imposto de Renda e mais 15 anos sem reajustar os pagamentos do Sistema Único de Saúde.
Haddad disse ainda que é necessário recuperar a capacidade do Brasil de investir, pediu cortes de gastos, sobretudo os gastos tributários, que englobam incentivos fiscais. Ele voltou a mirar essas renúncias como fator a ser combatido de forma a aumentar a captação de recursos pela União.
AliançA FM