Jovem que usou K9 diz ter tido uma ‘Sensação de 20 infartos’
Jovem que usou K9 diz ter tido uma 'Sensação de 20 infartos'
“Suave, meu coração batia forte, faltava o ar, senti tontura. Pareciam 20 infartos”. Essa foi a sensação de Cléber (preservamos o sobrenome), de 22 anos, ao falar sobre o uso de K9.
“Dei dois tragos. Meu primo tirou o baseado da minha mão e disse que já estava bom. Falei que não tinha sentido nada, mas, passados alguns segundos, comecei a sentir como se tivesse uma tonelada nas minhas costas”, completou.
Essas são algumas das consequências da nova droga no corpo, o que os usuários apelidaram de ‘Efeito zumbi’ ou o ‘Piripaque do Chaves’.
Vendida como K2, K4, ou K9, a “supermaconha” ou “maconha sintética” foi criada em laboratórios improvisados para imitar os efeitos de um baseado no cérebro, a droga é uma mistura de substâncias químicas com solvente, que é borrifada em cigarros, ervas, papéis e até em outras drogas. Nos presídios, chegou nos selos e no papel sulfite (K4).
O efeito que tem chamado a atenção de quem usa é a taquicardias, junto com a sensação de infarto.
Efeitos e sintomas
A reportagem localizou três vídeos que circulam pelas redes sociais nos quais jovens apresentam alguns dos sintomas relatados pelo especialista após o consumo da spice. Em um deles, um rapaz chora enquanto outro fica escorado em um portão, com a boca aberta, parecendo um zumbi. “Olha o que a k9 tá fazendo. Olha o que a k9 faz, rapaziada, deixa o cara facinho”, afirmam pessoas durante o registro.
De acordo com o Instituto Nacional de Abuso de Drogas dos Estados Unidos, usuários de maconha sintética podem apresentar quadros de ansiedade, agitação, náuseas, vômitos, hipertensão arterial, convulsões, alucinações, pânico, incapacidade de comunicação, paranoia, agitação e agressividade.
Apesar de ser chamada de maconha, a substância não tem nenhuma similaridade molecular com a droga natural. A única semelhança com a erva é a capacidade de o canabinoide sintético se conectar com os mesmos receptores cerebrais.
Até o fim do ano passado, o Núcleo de Exame de Entorpecentes da Polícia Técnico-Científica de São Paulo havia identificado ao menos quatro moléculas, desenvolvidas em laboratório, e vendidas como maconha sintética em São Paulo.
História
Os primeiros canabinoides sintéticos foram produzidos em laboratório no estado americano da Carolina do Sul, na década de 1990, pelo químico John Huffmann. O intuito das pesquisas era aliviar o sofrimento de pacientes com Aids e câncer.
“No entanto, a droga passou rapidamente a ser usada para fins recreativos”, diz trecho de nota das Associações Médica Brasileira de Endocanabinologia e Pan-Americana de Medicina Canabinoide.
As entidades acrescentam que, apesar de proibida, a substância pode ser comprada tanto nas ruas como pela internet, com preços abaixo da maconha convencional. jovem que usou
O canabinoide é liquido e sem cheiro. Costuma ser borrifado em ervas secas, ou ainda tabaco, para ser fumada.
Há ainda casos em que folhas de papel são impregnadas pela substância, como forma de burlar a fiscalização nas cadeias.
Isso fez com que a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) proibisse, desde o início de 2022, a entrada de papel sulfite nas unidades prisionais paulistas, além de restringir o número de fotos e outros impressos enviados por correspondência.