Na última semana, o assunto assédio sexual no trabalho voltou à tona após uma reportagem da revista Piauí trazer a versão da atriz e humorista Dani Calabresa sobre o assédio que teria sofrido por parte do ex-diretor de humor da Rede Globo Marcus Melhem.
Além da atriz, pelo menos outras cinco pessoas fizeram relatos ao canal de denúncias da emissora, que segue investigando o episódio. Em agosto, sem relacionar os casos, a emissora encerrou o contrato do humorista.
O caso traz à tona situações ainda comuns nos corredores dos escritórios. Uma pesquisa da Talenses realizada com funcionários de 311 empresas no segundo semestre de 2019 mostra que a maioria das organizações tem políticas para combater assédio, mas muitas não monitoram nem acompanham casos de mulheres que sofreram algum tipo de violência.
“Muitas vezes o código de conduta é só um juridiquês, é uma linguagem que não é acessível. Existe um gap entre ter política, códigos e de fato a empresa estar comprometida com a má conduta”, explica Rafaela Frankenthal, cofundadora da Safe Space, startup que oferece uma plataforma para prevenção de problemas de comportamentos no trabalho.
Para evitar as situações, as empresas devem agir para ampliar a igualdade de gênero, coibir e punir abusos. De acordo com o Ministério Público do Trabalho, nos últimos cinco anos, as denúncias de assédio sexual aumentaram 63,7%.
Para driblar a superficialidade apontada pela pesquisa e por Rafaela Frankenthal, é importante que os setores de recursos humanos e compliance entendam as dinâmicas de poder, as hierarquias, chequem quem está responsável pela política e consertem os furos no processo de apuração.
AliançA FM