A falta de planejamento e a ausência de políticas públicas que reconheçam as peculiaridades da região do Marajó são os principais problemas da educação dos 17 municípios que compõem o arquipélago, segundo diagnóstico do Tribunal de Contas dos Municípios do Pará apresentado nesta última terça-feira (21).
O relatório faz parte da primeira etapa do projeto Fortalecimento da educação dos municípios do estado do Pará, que começou a ser feito no início de 2021 e visitou 130 escolas na região, para aferir desafios latentes que vão desde o transporte escolar até a infraestrutura precária que dificulta acesso a água, energia e internet nas unidades de ensino.
Atualmente, 1.112 escolas da região estão em áreas rurais, enquanto 143 ficam nas zonas urbanas. 68 mil alunos são atendidos no primeiro grupo e 103 mil no segundo. A demografia ajuda a explicar os índices de educação tão baixos na região, na opinião do conselheiro Sebastião Cezar Colares.
“São regiões distantes, de difícil acesso. Temos escolas em que o professor é o único funcionário da escola, faz tudo. Sem contar o problema da alimentação escolar, por conta da dificuldade de distribuição e armazenamento. Em praticamente todas as escolas, não temos merendas todos os dias. Temos alunos no 4º ano que ainda não sabem ler e escrever. Não podemos concordar com isso e achar que é normal”, avaliou.
Se o Brasil e o Pará padecem quando o assunto são os índices de qualidade da educação, na região do Marajó os números negativos chegam a ser seis vezes maiores. Enquanto o abandono escolar nas séries iniciais está em 0,5% no Brasil e 1,7% no Pará, nos 17 municípios do Marajó o índice é de 3,2%. Nas séries finais, o abandono salta para 8%, enquanto no Pará e no Brasil estão 4,5% e 1,9%, respectivamente. Os índices de reprovação seguem na mesma linha: são de 77% no Brasil, 83% no Pará e 89% no Marajó.
O relatório entregue pelo Tribunal a prefeitos e representantes dos municípios aponta diversos desafios que precisam ser solucionados para transformar os dados negativos em positivos. Além do fortalecimento da gestão, é preciso que haja uma plataforma integrada digitalizada para o planejamento da educação, bem como reforçar os investimentos financeiros e operacionais em servidores, estrutura, critérios para indicações de diretores e autonomia dos secretários de educação.
AliançA FM