Hoje, dia 27 de abril, é comemorado o Dia Nacional da Empregada Doméstica.
É muito importante que a gente reconheça as conquistas dessa categoria cuja árdua luta vem sendo abafada a pesados golpes patronais. Dia 27 de abril pode ser uma data para homenagear esses profissionais, só que, mais do que uma data, o que esse grupo necessita é respeito e reconhecimento.
O trabalho doméstico no Brasil foi um dos mais atingidos com a pandemia de covid-19, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em 2019, a população ocupada na categoria somava 6,9 milhões de pessoas, passando para 4,9 milhões até o fim de 2020. Desse total, cerca de 92% são mulheres e 65% delas se identificam como negras.
Quando o assunto é o acesso às leis trabalhistas a pesquisa fica ainda mais assustadora: só 25% destas trabalhadoras possuem carteira de trabalho. As registradas recebem em média R$ 1.260 mensais, enquanto as informais ficam abaixo de R$ 800 por mês.
As trabalhadoras negras são punidas com um salário em média 15% mais baixo do que o das trabalhadoras brancas.
Bem-vindos ao Brasil colonial, onde a mentalidade exploratória está cravada no DNA de muitos cidadãos. A ideia de que se deve explorar, extrair, subjugar corpos de mulheres é viva e latente nas mentes e em corações vazios.
A casa de família acaba ampliando as dimensões da violência pela dificuldade de fiscalização das relações de trabalho que lá se estabelecem.
Desde 2017, 46 domésticos em situações análogas à escravidão foram resgatados no Brasil de casas que escondiam sob a expressão “quase da família” a perversidade da exploração.
Ainda hoje encontramos mulheres em situação de cárcere e escravização no país. Só este ano, mais seis foram libertadas pela polícia, que em todos os casos encontra muita semelhança e um amplificador das dimensões de violação de direitos na frase: “ela é quase da família“.
AliançA FM