Milhares de infecções são registradas todos os dias na França, mas a circulação de contaminações não saturam mais os hospitais como no início da pandemia, em 2020. A alta taxa de vacinação protege a população das formas graves, porém, a livre circulação do SARS-Cov-2, gera um terreno propício para o aparecimento dos chamados “híbridos”.
Em todo o mundo, desde o início da pandemia, os cientistas já descobriram centenas de híbridos do SARS-Cov-2. Entre eles está o XE, uma mistura de duas cepas da ômicron, a BA.1 e a BA.2, o XF – que mistura a delta e a ômicron – além do famoso deltacron. Esta cepa especificamente preocupa os cientistas porque teria conservado o potencial da variante delta em provocar casos graves.
Isso explicaria em parte por que os governos que adotaram a estratégia “zero covid” não estão sendo bem-sucedidos no controle da propagação do vírus.
“É o que está acontecendo atualmente na Ásia, e em países como China, Singapura ou Hong Kong. Nesses países, a população foi pouco exposta ao vírus e está sendo violentamente atingida pela onda ômicron”, observa Davido.
O infectologista francês ainda lembra que o SARS-Cov-2 sofreu mutações para poder contaminar o maior número de pessoas possível, sem necessariamente causar formas mais graves. Segundo ele, isso não significa que não seja perigoso, mas a vacinação e a exposição das populações ao vírus as protegem de hospitalizações prolongadas e morte.
Um dos desafios, sublinha, é fazer com que a população entenda a importância da vacinação periódica com imunizantes à base de RNA, além da utilização das ferramentas existentes para frear a circulação da doença, quando for necessário. O fim de uma onda, lembra, não significa o fim da epidemia – e a gripe é o melhor exemplo. O especialista ressalta que é importante preparar o futuro, para evitar a saturação dos hospitais, como ocorreu nos dois primeiros anos da pandemia de Covid-19.
AliançA FM