Eram 9h da manhã da segunda-feira (25) quando a comerciante Tamires Oliveira, de 27 anos, foi avisada por um vizinho de que não deveria voltar para casa. Naquele dia, policiais que ocupavam o Complexo de Israel, na Zona Norte do Rio, entraram na residência dela, em Parada de Lucas, uma das comunidades que fazem parte do complexo de favelas.
Tamires, que estava no trabalho – um comércio misto de salão de beleza e loja, também na região, atendeu ao pedido do vizinho, mas ficou apreensiva. Só voltou para casa à noite, quando se deparou com o imóvel completamente revirado, com objetos fora do lugar e dando falta de eletrodomésticos, peças de roupas e até alimentos.
“Levaram até as roupas dos meus filhos. O que não levaram, detonaram: tinha urina, fezes. Meu filho, que está na casa de uma tia, só chora. Ele viu como ficou o quarto dele. Minha filha passou a noite toda pedindo para voltar para casa“, disse ela ao g1 na última terça-feira (26).
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Indignada por ter a casa invadida, ela fez uma série de vídeos mostrando a destruição e acusando a polícia dos supostos abusos. Um deles foi postado na noite da segunda-feira (25), ainda sob o impacto de ver o imóvel no estado em que encontrou (veja acima).
“Você não tem noção. As coisas, a gente conquista novamente, mas é pelo trauma, pelo desrespeito. Levaram até as carnes do freezer. Deixaram só as salsichas”, afirmou.
Nesta terça-feira (26), ela voltou registrar vídeos da movimentação dos PMs. Numa das gravações, fez uma transmissão ao vivo no Instagram ao se deparar com policiais na residência.
“Resolvi fazer a live porque eles estavam dentro da minha casa e fiquei com medo que pudessem fazer alguma coisa comigo. Mas, se me desse um tiro, ia ser ao vivo. Todo mundo ia ver”, disse.
“Estou fugida com meus filhos há duas noites, com medo, com a minha casa destruída, mas eles não podem fazer isso. Tratar a gente feito um cachorro. Tenho nota fiscal de tudo que tem aqui. Eu trabalho, parcelo no cartão, mas eu pago. Não podem fazer isso”, acrescentou.
“Levaram até o velotrol do meu filho. Os vizinhos contaram que parou uma picape aqui em frente para levarem as minhas coisas”, continuou a mulher.
Tamires disse que não recebeu qualquer justificativa dos policiais para estarem dentro da sua casa e que o imóvel foi alvo da visita dos agentes duas vezes só nesta terça-feira: por volta das 12h e às 16h30.
A comerciante contou, ainda, que outros moradores da região também foram alvo dos supostos abusos e até agressões.
AliançA FM
Com informações de Eliane Santos e Nicolás Satriano, g1 Rio