O Ministério Público Federal acusou o governador do Tocantins de encomendar ao menos um flagrante falso de tráfico de drogas, entre outros crimes. A informação consta em um trecho da denúncia que foi lida pelo ministro Mauro Campbell durante a sessão que confirmou o afastamento de Mauro Carlesse (PSL) do cargo por 180 dias.
“Elementos probatórios e indiciários robustos dando conta da existência igualmente de uma organização criminosa, enraizada no centro do Governo do Estado do Tocantins, liderada em tese pelo governador do estado, que aparelhou todo o sistema de segurança pública do Estado do Tocantins. Intervenções políticas que também permitiram o direcionamento de investigações em face de adversários políticos do grupo, conforme relatado pelo Ministério Público Federal“, disse o ministro ao ler o próprio voto pelo afastamento do governador.
Em seguida, Mauro Campbell lembrou mudanças feitas pelo governo no Manual de Procedimentos da Polícia Civil, num episódio que ficou conhecido como ‘Decreto da Mordaça‘. A denúncia afirma, segundo o ministro, que isso levou a um “suposto flagrante forjado por tráfico de drogas realizado pela organização criminosa”.
Campbell não detalhou na fala dele quem seria a vítima deste suposto flagrante falso e nem qual a situação desta pessoa atualmente. A maior parte do processo ainda corre sob segredo de Justiça e por isso os detalhes de partes da denúncia não foram revelados.
A defesa de Carlesse vem repetindo que ainda não teve acesso à denúncia e que irá se manifestar quando conhecer o teor das acusações.
Entenda o caso
Além do direcionamento das investigações contra adversários, o governador é também suspeito de interferir em operações que poderiam afetar o próprio grupo político. Ele também foi acusado de envolvimento em um esquema de propinas no Plano de Saúde dos Servidores Estaduais (O antigo Plansaúde, hoje chamado de Servir).
Desde que Carlesse tomou posse no governo do estado, pelo menos 12 delegados regionais do Tocantins foram exonerados dos cargos de chefia.
O governo disse, em 2018, que as exonerações estavam dentro das medidas tomadas para reorganizar a administração pública e implantar um novo modelo de gestão. Afirmou também que o objetivo era reduzir despesas e equilibrar as contas públicas.
Por causa das denúncias, o afastamento do governador e dezenas de agentes públicos foi determinado monocraticamente pelo ministro Mauro Luiz Campbell e confirmado pela corte do Superior Tribunal de Justiça (STJ). O vice-governador, Wanderlei Barbosa (Sem partido), assumiu o comando do Poder Executivo pelo período.
AliançA FM
Com informações do site g1 Tocantins