💰Economia: Copom contraria Lula e mantém Selic a 10,5% por unanimidade
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, nesta quarta-feira (19), manter a taxa Selic em 10,50% ao ano.
A decisão foi unânime. Ou seja, todos os diretores do Copom e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, votaram para manter a Selic no atual patamar. Isso também significa que todos os quatro diretores indicados por Luiz Inácio Lula da Silva votaram de forma diferente do que pensa o presidente, que nos últimos dias subiu o tom contra o BC e defendeu corte nos juros.
Qualquer resultado diferente da unanimidade provocaria uma crise de confiança perigosa na atuação do BC. Faltando pouco mais de seis meses para a saída de Campos Neto, a autoridade monetária enfrentaria uma sangria na sua credibilidade o que nenhum governante deveria querer.
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O presidente Lula, com seus ataques a Campos Neto um dia antes do Copom, tentou impor, mesmo que indiretamente, a sua autoridade sobre a decisão do colegiado. O petista criou constrangimento aos diretores indicados por ele.
Ao escolherem manter o juro sem divergências, os novos membros do BC optaram pela preservação da instituição e isso é boa notícia. Se é bom para eles, ainda saberemos, mas para a condução da política monetária para controle da inflação, certamente.
A primeira reação política à decisão foi bem menos barulhenta porque o constrangimento mudou de lado. Como desqualificar pessoalmente a manutenção da Selic se todos, inclusive os da conta de Lula, foram a favor dela?
Um dito popular no mercado financeiro diz que a credibilidade do banco central sobe de escada e cai pela janela. Depois de deixá-la pendurada do lado de fora na reunião passada do Copom, os diretores dessa vez escolheram por colocá-la de volta na cabeceira da mesa do BC.
Roberto Campos Neto também ganha blindagem e retaguarda para seguir com seu mandato até 31 de dezembro. Ele mesmo provocou, em certa medida os ataques mais recentes, ao se reunir socialmente com bolsonaristas. O episódio do jantar com governador de São Paulo, assim como o fato de ter ido votar nas eleições de 2022 com a camisa do Brasil, não serão apagados do legado de Campos Neto.
Tem um mais antigo ainda que aconteceu durante governo passado, quando Campos Neto foi a um churrasco com ministros de Bolsonaro. Não é condizente com a liturgia do cargo, nem que o BC não fosse independente de fato.
Gabriel Galipolo, o líder na bolsa de apostas para suceder Campos Neto, pode ser enfraquecido pelo PT. É uma hipótese real, mas que ainda não faz todo sentido. A batata quente agora está na mão de Lula que terá que escolher o novo presidente do BC, terá que conviver com juros altos por mais tempo e com o fato de que sua autoridade não vale na sala do Copom.
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💰Economia: Copom contraria
AliançA FM